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Docência na socoeducação

Docência na socoeducação

por Graziela Sena -
Número de respostas: 1
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Os adolescentes ingressos no Colégio Paulo VI, anexo Zilda Arns, em Feira de Santana tanto na internação provisória quanto para o cumprimento de Medida socioeducativa são acolhidos, independente de sua condição social, etnia ou crença religiosa da mesma forma; pois prevalece a concepção de que a escola é o espaço de valorização e respeito as diferenças considerando que todos os educandos têm os mesmos direitos e deveres dentro e fora da escola.  

A gestão escolar e, consequentemente, todos os docentes e funcionários que atuam na unidade buscam tornar o espaço escolar bastante acolhedor, humanizado e favorável para o estabelecimento de relações interpessoais saudáveis afim de estimular estes educandos à participação ativa nas atividades escolares e, assim, favorecer um maior progresso intelectual e moral.

 Assim que o adolescente ingressa na unidade passa por uma triagem diagnóstica com setor pedagógico da unidade que tem por objetivo identificar o nível de escolaridade do educando para que este seja encaminhado para a série/turma adequada para receber a educação de qualidade como direito que lhes é garantido pelo Estatuto da Criança e do adolescente, Lei 8.060/90. 

Em todas as atividades educacionais incluindo os projetos inter e transdisciplinares desenvolvidas os educandos são tratados com cordialidade e de forma afetuosa como quaisquer outros adolescentes afim de desenvolver sentimentos de confiança, respeito e autovalorização. Por outro lado, essas atividades de escolarização propiciam diversos momentos de reflexão que têm como um dos objetivos primordiais criar novas perspectivas diante da vida e importantes para a superação das diversas vulnerabilidades sociais que na maioria das situações que  contribuíram para estes adolescentes estarem à margem da sociedade em situação de conflito perante a lei.

De forma geral a referida unidade de ensino busca da melhor forma possível colaborar decisivamente no processo de ressocialização destes educandos, e, ao menos, no ambiente escolar estes têm demonstrado avanços e anseios por mudanças em suas trajetórias de vida; contudo, infelizmente, muitos egressos da unidade, possivelmente, ao retornarem aos seus lares e às mesmas condições de vulnerabilidade anteriores a internação acabam incorrendo os mesmos erros ou têm suas vidas ceifadas.

Assim é notória a necessidade por parte do Estado de politicas públicas que assistam tanto a estes adolescentes egressos das Cases como também suas famílias após o cumprimento de medida socioeducativa.



Em resposta à Graziela Sena

Re: Docência na socoeducação

por Graziela Sena -
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Atividade 02- Texto perfil dos educandos Case Zilda Arns.

Perfil dos Educandos do anexo Zilda Arns.
Quando são analisados os perfis dos educandos em cumprimento de medida socioeducativa na Case Zilda Arns, em Feira de Santana, pode-se constar que não há divergências em relação a outras unidades de internação de privação de liberdade para adolescentes localizadas tanto no estado da Bahia como em outros estados do Brasil e, indo mais adiante, fica evidente a intima relação entre as peculiaridades desta clientela que decorre dos problemas sociais do Brasil como a desigualdade socioeconômica; o racismo estrutural; os altos índices de violência com envolvimento de adolescentes, principalmente, negros/pardos de baixa renda; a ausência de políticas públicas de assistência tanto às famílias como aos próprios adolescentes como forma de prevenir que os adolescentes transgridam as leis.
A maioria dos educandos ingressos na unidade são residentes no município de Feira de Santana, com idade entre 17 e 20 anos, pretos/pardos e advindos, geralmente, de famílias sustentadas por mulheres chefes de família. Entre os próprios adolescentes há relatos que uma quantidade considerável destes ajudam no sustento da família desenvolvendo atividade de comércio ambulante ou serviço no centro da cidade (ruas, sinaleiras), centro de abastecimento. Fato este que corrobora para os baixos níveis de escolarização à medida que estes adolescentes devem optar entre ajudar com o sustento da família ou estudar; e caso permaneçam na escola, geralmente, no turno noturno, certamente, por preocupações relacionadas a sua sobrevivência, a educação, desta forma, não é o foco principal o que pode ser constatado com o dados contidos em relatório elaborados pela Defensoria Pública da Bahia (DPB) com alunos que cumpriam medida em 2020: enquanto, apenas, 02 educandos estavam matriculados no ensino médio a maior parte, aproximadamente, 75% não haviam concluído o ensino fundamental. Vale ressaltar que alguns dos adolescentes atendidos pela unidade escolar apresentam dificuldades de leitura e escrita, incompatíveis com o nível de escolarização que possuem ao ingressar na Case Zilda Arns.
Diferentes estudos realizados apontam que uso de drogas e a violência, contribuem para as elevadas taxas de evasão escolar, como também para aprendizagens deficitárias, entre os adolescentes. De acordo com o relatório do DPB apesar de mais de 80% dos internos na case Zilda Arns não terem sido apreendidos com entorpecentes um percentual elevado destes educandos fazia uso regular, principalmente, de maconha no “mundão”.