• Como sua escola tem acolhido os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas?
Os adolescentes e jovens que cometeram atos infracionais chegam ao Anexo CEGRS logo após o fim da quarentena. Após o encaminhamento, pela equipe pedagógica da CASE Salvador e CASE Feminina Salvador, apresentando os documentos pessoais e comprovante de escolaridade (atestado ou histórico escolar – na ausência deste o teste de sondagem aplicado pelas pedagogas) os alunos(as) são matriculados no colégio em suas respectivas series/eixos/etapas. Isso ocorre tanto com os socioeducandos que estão na internação provisória como os que são sentenciados. Então inicia o primeiro contato com os respectivos professores (de cada componente curricular) das turmas. Nessa primeira aula, os professores fazem um acolhimento, cada um com suas estratégias, e convida-o(a) a participar da aula planejada para a turma. Dessa forma o aluno recém chegado conhece seus colegas de classe e acompanha o objeto de conhecimento em curso.
• A forma como os adolescentes são recebidos na escola ajuda a garantir os seus direitos ou reforça suas vulnerabilidades relacionais?
A escola cumpre seu papel e função de forma emancipadora e libertaria, respeitando a condição peculiar de cada adolescente e adolescência. Compreendendo que a restrição e privação de liberdade é extremamente excludente e punitiva de modo a acirrar ainda mais a condição de vida de cada ser.
No atendimento socioeducativo sobretudo na educação escolar, as garantias de direitos dos adolescentes e jovens restritos e privados de liberdade estão baseadas nos marcos legais e o Anexo CEGRS assegura esses direitos ofertando a matricula em qualquer tempo. Todos os adolescentes que são encaminhados ao colégio passam a frequentar as aulas diariamente, ainda que esteja sem a documentação necessária para a matricula. Estes socioeducandos participam das aulas como ouvinte e após a entrega dos documentos necessários são matriculados e resolvida a pendência escolar.
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A proposta pedagógica da escola juntamente com a sua equipe tem um papel fundamental na acolhida, resignificando o sujeito durante sua formação para além dos muros do local de sua internação. O trabalho através do respeito, atenção, carinho do afeto de forma geral contribui muito para os adolescentes se sentirem menos estigmatizados.
Mas é preciso que a equipe tenha recursos, condições e garantia de em formação específica na EJA no contexto socioeducativo (tanto para os professores como para os socioeducadores que acompanham os alunos as aulas), investimentos e espaços apropriados e em quantidade suficiente além de um currículo específico para esses sujeitos para que de fato, o processo de acolhimento e a escolarização aconteça com qualidade e respeito.